Qualquer que seja seu tamanho, a empresa que pensa globalmente e de forma inclusiva vai atingir mercados que nunca sonhou. A avaliação é do consultor, professor e escritor Alfredo Laufer. “É um movimento orgânico impulsionado justamente pelo DNA que a empresa carrega consigo. É a mesma coisa daquela pessoa que tem um dom musical e de outra que toca um instrumento mecanicamente”, compara.
Estudioso do tema do envelhecimento global da população, Laufer destaca o papel das empresas que adotam causas em prol de determinados segmentos, contribuindo decisivamente para a inclusão e o acolhimento – projeções indicam que o número de pessoas acima dos 60 anos ou mais que era de 202 milhões em 1950, passou para 1,1 bilhão em 2020 e deve alcançar 3,1 bilhões em 2100. “Hoje é preciso ter um respeito e uma visão democrática quando se vai aprofundar e inovar produtos, processos e serviços dedicados a determinados setores, mais diversos do que você estava acostumado a fornecer. Hoje uma empresa dinâmica, progressista e inovadora precisa abraçar a diversidade… uma questão de não olhar apenas para o seu lado, mas de saber para onde os ventos estão soprando, de que modo você vai colocar a vela para navegar nesses mares, cujos ventos você tem que perceber. Evidentemente alguns comportamentos de antigamente não têm mais lugar. Estamos falando da diversidade”, analisa.
Audima, uma empresa que inclui de verdade: do idoso ao analfabeto funcional
Amparado em sua experiência educacional, o especialista cita como exemplo o trabalho desenvolvido pela Audima. “Fui professor da PUC, da UFRJ e há uma questão que eu chamaria uma atenção muito grande que são as interpretações do que você lê. Muitas vezes um aluno tem boa visão, mas não lê bem, não consegue dar a entonação nos parágrafos, na pontuação. Por meio de sistemas inteligentes de áudio, você pode assimilar um determinado conteúdo de forma mais fácil do que através da leitura”, destaca. “São interessantes percepções de processos em que uma empresa, ao entrar num nicho desse e oferecer um serviço de inteligência artificial não robotizado, com vozes mais humanas, com entonações, com elementos que fazem as pessoas se sentirem bem. Isso repercute não apenas junto às pessoas que possuem problemas de visão, mas em todas as camadas, e o progresso é enorme. Fico feliz em termos uma empresa de grande desenvolvimento nessa área”, completa.
Ainda segundo ele, existem pessoas com problemas de visão, vista cansada ou mesmo a falta de tempo para absorver conhecimento e informação através de meios tradicionais como a leitura. E a digitalização na vida moderna contribui para mudar essa realidade. “A sociedade brasileira, de uma maneira geral, tem problema na interpretação do texto. É claro que não vamos fazer tudo através da audição, mas através de serviços desse tipo cada vez mais personalizados e humanizados e que vão de encontro às necessidades das pessoas, podemos promover uma melhor disseminação da informação para essas pessoas”, argumenta.
Desafios do envelhecimento e o papel da inclusão
Para Alfredo Laufer, a maior longevidade da população oferece novas oportunidades de negócios e serviços. “A questão da tecnologia e do avanço de pesquisas, da ciência, fez com que a longevidade se tornasse um fato concreto. O que era normal em 1950, uma vida média em torno de 50, 60 anos, mudou radicalmente. Hoje vemos uma vida média em torno de 80, 90 anos. Em alguns países como o Japão, por exemplo, chegamos a ver essa média ultrapassando essa faixa, com centenas de milhares de cidadãos com mais de 100 anos. Essa curva provoca uma grande transformação com consequências.”
O novo estilo de vida, adverte o professor, leva a outros pontos importantes como a inovação e obsolescência muito rápida das coisas, que se tornam velhas em pouco tempo. “No setor empresarial, no mundo dos negócios, aumenta a necessidade por processos de inovação, o desenvolvimento de novos produtos e técnicas, amparados pelo desenvolvimento científico e tecnológico”, comenta Laufer, que cita como exemplo as companhias de aparelho celular que perceberam a importância de aumentar o tamanho das letras nos sistemas operacionais e aplicativos.
Mas se as pessoas estão vivendo mais, devido a cuidados farmacêuticos, médicos e tecnológicos, elas não podem mais ficar acomodadas naqueles conhecimentos de um passado. “Claro que não me refiro a valores porque estes permanecem, mas os conhecimentos se alteraram e aí surge uma nova possibilidade também, uma nova visão frente a esse conhecimento e a essa comunicação. Eu, por exemplo, quando estou com meus netos, muitas vezes tenho um esforço, por não estar entendendo o que eles estão falando. Crianças de 14, 15 anos quando falam alguma coisa, estou completamente por fora. Há uma necessidade também da integração dessa pessoa que vai envelhecendo, pelos conhecimentos científicos. Por um lado, isso lhes causa certo movimento interno, esse movimento não pode cessar”, explica Laufer, que batizou esse fenômeno de envelhescência. “É uma mistura de envelhecer com adolescência, uma mistura energética. É importante manter um pouco da energia adolescente dentro desse envelhecimento. Você tem que mudar a cabeça. Exercer o papel de ser um eterno aprendiz nunca foi tão necessário”, defende.
Laufer acredita que essa linha de pensamento, de se manter atualizado, deve ser seguida também pelas empresas: “A inclusão digital é um dos fatores que facilita esse processo”, diz. Para ele, assim como as pessoas, as empresas também devem se preocupar em modernizar suas comunicações e isso passa, necessariamente, pela adoção de ferramentas de inclusão, como a tecnologia da Audima.